o coração sabe, o ofício da poesia começa na tua mão,
na voz que se ergue, dentro da chuva, o coração sabe,
outro olhar à mesa, com un outro nome, porque
uma sombra involuntária se acrescenta às palavras, o
coração sabe, os poemas com que a terra nos vê, o
céu no orvalho, com a sua oliveira, arrancada ao rosto
do verão, o coração sabe, o o amor está nas pequenas
coisas que esquecemos, que embaciamos na janela
aberta, para o tempo dos poetas, o coração sabe
da clara luz à escura noite, tudo arde, tudo é íntimo
dentro da cabeça, tudo chega de um verso, e todas as
imagens provam un novo destino, uma inspiração a
sul, porque o coração sabe.
Em Privilégios de ser pássaro (2016)
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