Saturday, June 16, 2018

Hands in Poems: Nuno Júdice (III)



FLASHBACK

 Podia ser aí. Contigo. Com o teu corpo
ainda nu, ou vestido da luz que entra pelas
persianas velhas, trazendo a tremura
das folhas na trepadeira do quintal.

Podia ser de manhã, ou de madrugada,
sabendo que teria de te abraçar para que não
desses pelo frio, com o quarto ainda
húmido da noite, num fim de outono.

Podia não ter sido nunca, se não fossem
assim as coisas: a tu mão ao encontro da 
minha, no tampo da mesa, como se fosse
aí que tudo se jogasse, entre duas mãos.

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