Monday, April 9, 2018

Hands in Poems: Eduardo White (II)




Um beijo dentro do casulo escuro do sono, um beijo para que o murmures,
uma taça de luz em teus sonhos, uma espátula onde vivam todas as cores,
eu dou-te, meu amor, para que me sossegue com a tua alma.
Quero, também, as carícias leves das tuas mãos adormecidas sobre
o meu rosto,  aquela unha frágil que me risca a pele em seu tecido, o cheiro
doce e intenso e maresíaco do teu corpo, os peixes que te rondam a saliva e
as formigas, meu doce, que são os arrepios.
Um beijo que soe ao silêncio do nosso quarto, aos pequenos
Barulhos do bar lá em baixo, ao esvoaçar das cortinas corridas nas janelas,
da brisa tão fina sobre o espelho que nos reflecte, um beijo, amor, que
chegue fundo ao calor e o mexa e o polvilhe de mim até que em ti o desejo
se desperte.


In Bom dia, Dia! (2014)

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